segunda-feira, 28 de julho de 2014

"Eu odiava a Igreja Católica, mas a graça de Deus tocou-me"

Joseph Pearce é professor de literatura inglesa e autor de biografias de escritores britânicos como Chesterton, C. S. Lewis e Oscar Wilde, entre outros. Foi baptizado na Igreja Católica já adulto.

A sua biografia acaba de ser publicada em espanhol (“Mi carrera com el diablo”). Para apresentá-la, Pearce passou por várias cidades espanholas. Em Barcelona, pudemos falar com ele sobre o processo criativo do seu último livro e o conteúdo: a sua conversão ao catolicismo.


O que é que a sua biografia pode oferecer aos leitores?

Espero que o meu livro demonstre que ninguém está fora do alcance da glória de Deus. Eu já fui preso duas vezes por delitos ligados ao ódio. Odiei a Igreja Católica. Mas ninguém está fora do alcance da graça. Espero que as pessoas leiam o livro, sejam elas cristãs, anti-cristãs... Que sejam tocadas pela graça de Deus e, pelo menos que seja um empurrão na direcção certa.

O diabo está no título do seu livro. Ele assusta-o?

O título é, obviamente, um jogo de palavras com o termo “race”, de “raça” e “corrida”. Mas acho que o mal é satânico, porque existe uma dimensão acima da natureza. Não sou um relativista. Acho que a corrida com o diabo não está vencida. Ainda estou nela. Acho que ela só acaba quando morrermos. Todos nós temos anjos da guarda para ajudar-nos, temos santos para ajudar-nos e demónios para tentar-nos. Há uma dimensão sobrenatural acima da realidade.

Os amigos “mortos” de Pearce: Chesterton e Oscar Wilde

A leitura de um livro de Chesterton (“The well and the shallows”), enquanto cumpria pena na prisão pela segunda vez, fê-lo descobrir algo cuja presença sentia que o acompanhava desde a infância. “Era o bom, o belo e o verdadeiro”, explica. Desde então, tem paixão pela leitura dos seus escritores favoritos. Isso levou-o a escrever as biografias deles. Mas agora ele surpreende-nos com a biografia de alguém que conhece bem.

Aprendeu escrevendo a biografia de outros, para agora escrever sobre si mesmo?

Ao escrever biografias de escritores que nos tocam, chegamos a conhecer muito bem a pessoa sobre a qual escrevemos. Às vezes, digo que tenho como melhores amigos alguns homens mortos. Se passamos muitas horas pesquisando e escrevendo a biografia de um homem (Chesterton, Oscar Wilde etc.), acabamos conhecendo-o e ele ajuda-nos a entender a natureza humana. Escrever uma autobiografia é outra história. Não conseguimos deixar de ser subjectivos, mas é preciso aspirar à objectividade.

Teve uma experiência intensa de Deus, uma conversão, e escreveu um livro. Porquê o livro?

Primeiramente, porque sou escritor. Mas também porque as pessoas sabiam mais extensamente sobre o meu passado numa organização nazi e nos grupos anti-católicos da Irlanda do Norte do que sobre a minha nova vida cristã.

Comecei a sentir cada vez mais que precisava contar a história. Adiei a ideia durante muito tempo, porque não tinha certeza de estar preparado para isto. De certa forma, é a coisa mais dura que já escrevi. É muito pessoal e eu quis ser honesto. Mas acho que era preciso fazer isso e estou contente por ter escrito.

Tinha chegado a hora. Ele já se sentia preparado para descrever o seu caminho rumo a Deus. E define a sua situação actual como de “amor racional”. Pearce agora é razão e amor: cabeça e sorriso. Com a sua cabeça ordenada, ganhou o respeito dos seus colegas e editores. Com o seu sorriso, o coração de todos.

in Aleteia


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