"Neste sacramento [do matrimónio], quem se casa diz: «Prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida». Naquele momento, os esposos não sabem o que vai acontecer, não sabem quais são as alegrias e as tristezas que os esperam. Partem, como Abraão; põem-se juntos a caminho. E isto é o matrimónio! Partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando- se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por toda a vida. E não façais caso desta cultura do provisório, que nos põe a vida em pedaços.
Com esta confiança na fidelidade de Deus, tudo se enfrenta, sem medo, com responsabilidade. Os esposos cristãos não são ingénuos, conhecem os problemas e os perigos da vida. Mas não têm medo de assumir a própria responsabilidade, diante de Deus e da sociedade. Sem fugir nem isolar-se, sem renunciar à missão de formar uma família e trazer ao mundo filhos. - Mas hoje, Padre, é difícil... - Sem dúvida que é difícil! Por isso, é precisa a graça, a graça que nos dá o sacramento! Os sacramentos não servem para decorar a vida – mas que lindo matrimónio, que linda cerimónia, que linda festa!... Mas aquilo não é o sacramento, aquela não é a graça do sacramento. Aquela é uma decoração! E a graça não é para decorar a vida, é para nos fazer fortes na vida, para nos fazer corajosos, para podermos seguir em frente! Sem nos isolarmos, sempre juntos. Os cristãos casam-se sacramentalmente, porque estão cientes de precisarem do sacramento! Precisam dele para viver unidos entre si e cumprir a missão de pais. «Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença». Assim dizem os esposos no sacramento e, no seu Matrimónio, rezam juntos e com a comunidade, porquê? Porque é costume fazer assim? Não! Fazem-no, porque lhes serve para a longa viagem que devem fazer juntos: uma longa viagem, que não é feita de pedaços, dura a vida inteira! E precisam da ajuda de Jesus, para caminharem juntos com confiança, acolherem-se um ao outro cada dia e perdoarem-se cada dia. E isto é importante!"
Discurso às famílias em peregrinação no Ano da Fé, 26 de Outubro de 2013
"Um campo importante do nosso trabalho de pastores é a família. Ela insere-se no âmago da Igreja evangelizadora. «Com efeito, a família cristã é a primeira comunidade chamada a anunciar o Evangelho à pessoa humana em crescimento e a levá-la, através de uma catequese e educação progressivas, à plenitude da maturidade humana e cristã» (Familiaris consortio, 2). O fundamento sobre o qual se pode desenvolver uma vida familiar harmoniosa é, sobretudo, a fidelidade matrimonial. Infelizmente, no nosso tempo vemos que a família e o matrimónio, nos países do mundo ocidental, padecem uma profunda crise interior.
Discurso aos Bispos da Áustria, 30 de Janeiro de 2014
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