sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Morte...o instante em que tudo muda

Considerai que sois pó, e que em pó vos haveis de tornar. Virá um dia em que morrereis e sereis lançado à podridão num fosso, onde o vosso único vestido serão os vermes. Tal é a sorte reservada a todos os homens, aos nobres e aos plebeus, aos príncipes e aos vassalos. Logo que a alma saia do corpo com o último suspiro, dirigir-se-á à eternidade e o corpo deverá reduzir-se a pó.

Imaginai que estais vendo uma pessoa que acaba de exalar o último suspiro; considerai esse cadáver deitado ainda no leito, com a cabeça pendida sobre o peito, os cabelos em desalinho banhados ainda nos suores da morte, os olhos encovados, as faces descarnadas, o rosto acinzentado, a língua e os lábios cor de ferro... o corpo frio e pesado. Empalidece e treme quem quer que o vê. Quantas pessoas, à vista de um parente ou de um amigo morto, não mudaram de vida e não deixaram o mundo!

Mais horrível ainda é o cadáver quando principia a corromper-se. Há apenas 24 horas que esse moço morreu, e já o mau cheiro se começa a sentir. É preciso abrir as janelas e queimar incenso; é preciso quanto antes enviar esse corpo à igreja e entregá-lo à terra, com receio de que venha a infectar toda a casa...

No que se tornou esse orgulhoso, esse dissoluto! Ainda há pouco acolhido e desejado nas sociedades, agora objeto de horror e de desgosto para quem o vê! .... Há bem poucos instantes ainda, não se falava senão do seu espírito, da sua polidez, das suas belas maneiras, dos seus bons ditos; mas apenas está morto, já se perdeu a lembrança de tudo isto.

Santo Afonso de Ligório in 'Preparação para a Morte' (Edit. Parceria António Maria Pereira, Lisboa, 5a. edição, 1922, p. 10 e ss)


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2 comentários:

Eduardo disse...

"Se na hora da conta te há-de pesar de não teres empregado esse tempo no serviço de Deus, porque o não ordenas e empregas agora como o quererias ter feito quando estiveres a morrer?";
"Tenha habitual memória da vida eterna e que serão os mais abatidos e pobres e que em menos conta se tem, que gozam de mais alto senhorio e glória em Deus" (S.João da Cruz)

Anónimo disse...

Na verdade, Deus tudo fez.bem feito, porque, se pensassemos realmente na morte, perderiamos a vontade de.viver, o que nao acontece devido ao natural instinto de sobrevivência.
Contudo, meditar nela e na nossa finitude, ajuda.a que caiamos "na real" e tenhamos consciência do quão pouco valemos neste mundo e que a nossa META é o Céu!