quinta-feira, 28 de abril de 2022

Descanonização da Santa Gianna Beretta Molla, Mãe de Família

Todo o filho tem o direito de ser gerado pelos pais biológicos, que devem ser casados (e não por técnicos em laboratório), e de por eles, ambos e dois, ser criado e educado.  Este direito óbvio, em virtude da dignidade incomensurável de cada pessoa em qualquer idade, é nos dias que correm espezinhado por legislações torpes e aberrantes, geralmente repudiado pela mentalidade reinante, por grande parte de cristãos e, mesmo, por membros da Hierarquia, um pouco por todo o mundo.

Infelizmente, por diversas circunstâncias, isso - ser criado e educado por ambos, nem sempre é possível ou, pelo menos, torna deficiente a sua realização. Por exemplo, a morte de um dos pais, a prisão prolongada, o serviço militar em terras estrangeiras numa guerra, por tempo indeterminado, uma doença crónica incapacitante, a violência doméstica (psicológica, física ou moral), (o adultério, motivo que pode ser bastante para uma separação, a poligamia), a conjunção poli-amorosa, etc. Tudo isto, é de um modo geral compreendido e aceite pela generalidade das pessoas e em certa medida pela Igreja.

Porém, quando se trata dos filhos (de católicos validamente matrimoniados, que se divorciam pelo civil e “casam” civilmente) que são fruto dessa relação civil, objectivamente adulterina, considera-se um imperativo absoluto a permanência nesse estado, tido como único meio para não cometer uma grave injustiça para com os rebentos. Claro que, se os pais se decidem a viver como irmãos para o maior bem da prole que se quer salvaguardar, é compreensível que partilhem a mesma morada e se entreajudem no cuidar dos filhos. 

Mas naqueles casos em que um quer viver abstinente e o outro não aceita? Deve  aquele que quer, submeter-se à prepotência fornicadora do outro? Evidentemente que não. E nessa circunstância terá que separar-se, terminando definitivamente com a situação objectiva de adultério público e permanente, mas continuando consoante as suas possibilidades a contribuir para a criação dos filhos. Caso contrário deveríamos, por exe., descanonizar e condenar como gravemente injusta a Santa Gianna Beretta Molla.

Esta médica ginecologista era casada e tinha três filhos quando ficou grávida de uma quarta. “ ... (D)escobriu-se (então)que ela tinha um fibroma no útero e ela tinha três opções: retirar o útero doente (o que ocasionaria a morte da criança), abortar o feto ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia perigosa para preservar a gravidez. Gianna (como médica tinha plena consciência do que lhe viria a suceder) não hesitou e disse: "Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz!".” 

A cirurgia ocorreu a 6 de Setembro de 1961. “ ... deu entrada para o parto no hospital de Monza na Sexta-Feira Santa de 1962. No dia seguinte, 21 de abril, nasceu Gianna Emanuela. Sempre fiel, afirmava: "Entre a minha vida e a do meu filho, salvem a criança!". Gianna faleceu no dia 28 de abril de 1962 em casa.”

Perante as alternativas que lhe foram aconselhadas - não só por médicos como por familiares, pelo próprio marido, lembrando-lhe os três filhos que deixaria desamparados da sua presença materna -, a primeira era moralmente lícita, legítima. E, não obstante, pôs em primeiro lugar a filha que trazia dentro em si.

Se não foi gravemente injusto, muito pelo contrário, o abandono previsto mas não desejado a que Santa G. B. M. votou os filhos em virtude da sua entrega magnânima de amor, por que será gravemente injusto um pai o uma mãe entregar-se também com semelhante longanimidade, renunciando a um comportamento gravemente imoral, para não mais ofender a Deus, unir-se a Jesus Cristo e viver em comunhão com o Seu Corpo que é a Igreja - podendo continuar, embora com limitações, acompanhar seus filhos e contribuir para a sua criação? 

Padre Nuno Serras Pereira


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6 comentários:

Jorge disse...

Errata
Onde se lê: "era casada e tinha quatro filhos quando ficou grávida de uma quarta",
deve-se ler: "era casada e tinha 3 filhos quando ficou grávida de um quarto".

Fernando Dias Duarte disse...

Descanonização ???!!!

Zezé disse...

O problema é que ninguém se importa com Deus nem quer saber se O ofendem. Só querem satisfazer os seus caprichos e vontades, ter todos os direitos e nenhum dever. O próximo não existe e o que importa é o dinheiro e o conforto, sendo intolerantes a qualquer sacrifício ou renúncia por mais pequena ou insignificante que seja.

Anónimo disse...


Na minha família, há 50 anos, uma cunhada minha foi internada para fazer um aborto, devido a uma gravidez ectópica, porque corriam risco de vida: ela e o filho.
No dia da intervenção clínica, a minha mãe--mulher simples, mas de MUITA FÉ--pediu ao meu irmão, cujo sofrimento era incomensurável, pois ainda por cima, era o primeiro filho, que pedisse ao médico que verificasse novamente o estado da minha cunhada, antes do aborto já em marcha, uma vez que estava prestes a entrar no bloco operatório...
Sendo um médico amigo, fez-lhe a vontade e, para espanto de todos, o bébé estava na posição normal...tinha acontecido um verdadeiro milagre, para espanto de todos, e a minha cunhada pode usufruir da gravidez até ao fim, nascendo o meu sobrinho, bébé lindo e muito inteligente, como felizmente, a vida veio a comprovar!
Não me indentifico, porque não quero ferir suscetibilidades.
Contudo, lamento que a NOSSA FÉ seja cada vez mais FRACA e mais "científica"...ao ponto de não deixar DEIXAR DEUS AGIR em nosso favor, mostrando-nos o Seu AMOR DE PAI, porque, simplesmente DUVIDAMOS!!

Zezé disse...

"Contudo, lamento que a NOSSA FÉ seja cada vez mais FRACA e mais "científica"...ao ponto de não deixar DEIXAR DEUS AGIR em nosso favor, mostrando-nos o Seu AMOR DE PAI, porque, simplesmente DUVIDAMOS!"

Por isso, não admira que hoje em dia os milagres sejam tão escassos e raros, quando eram tão frequentes e públicos no passado...

Anónimo disse...

Deus seja louvado para sempre! Parabéns pela docilidade de vocês às inspirações do Céu!