terça-feira, 18 de setembro de 2018

Papa Francisco aos Bispos: "Os homossexuais não podem entrar no Seminário"

"Na dúvida, é melhor que não entrem." Com os Bispos da Conferência Episcopal Italiana - CEI - com quem se encontrou num diálogo a portas fechadas durante cerca de três horas, o Papa Francisco abordou a delicada temática da admissão de jovens homossexuais nos Seminários. O Papa explicou a sua opinião sobre o assunto, reiterando o que já havia afirmado alguns anos atrás, embora de uma forma mais implícita: "Cuidado com as admissões para os seminários, olhos abertos", dizia numa audiência da Congregação para o Clero.

Com os pastores da CEI, ao falar sobre o declínio das vocações, uma das suas “três preocupações” para a Igreja italiana, o Papa Francisco foi mais directo e exortou os Bispos a preocuparem-se mais com a qualidade do que com a quantidade dos futuros sacerdotes, e mencionou explicitamente os casos de pessoas homossexuais que desejam, por várias razões, entrar no Seminário.

Assim, convidou os Bispos a "um discernimento atento", acrescentando: "Se tiverem a menor dúvida, é melhor não deixá-los entrar."

Esta indicação do Papa expressa a sua profunda preocupação: essas tendências quando são "profundamente enraizadas" e a prática de "actos homossexuais" podem comprometer a vida do seminário, bem como a do próprio jovem e o seu eventual futuro sacerdócio. E podem gerar aqueles "escândalos" de que o Papa havia falado no seu discurso de abertura na assembleia da CEI na Aula Novo Sínodo, que deturpam o rosto da Igreja.

Nas entrelinhas pode-se ler o que já havia sido colocado preto no branco pelo Papa Francisco na sua carta de meditação entregue em mãos aos Bispos chilenos durante o seu encontro no Vaticano. Numa nota anexada àquele texto, o Pontífice denunciava os problemas que se verificaram nos seminários onde: Bispos e superiores religiosos confiaram a chefia a "sacerdotes suspeitos de praticar a homossexualidade".

Naturalmente qualquer comparação é inadequada, os casos são extremamente distintos e deve-se evitar qualquer generalização. O aviso do Papa aos Bispos da CEI deve ser atribuído à Ratio Fundamentalis publicada em Dezembro de 2016 pela Congregação para o Clero: um volumoso, documento intitulado "O dom da vocação presbiterial", com o qual o Dicastério actualizou as normas, usos e costumes para o acesso ao seminário, dando igualmente sugestões práticas sobre saúde, alimentação, actividades físicas e descanso.

No parágrafo 199 da Ratio, afirma-se que: "Em relação às pessoas com tendências homossexuais que se aproximam dos Seminários, ou que descobrem tal situação no decurso da formação, em coerência com o próprio Magistério, a Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay".

Indicações estas que, na verdade, reafirmam as disposições da Instrução emitida pela Congregação para a Educação Católica, em Agosto de 2005, sobre o tema "Critérios de discernimento vocacional relativos às pessoas com tendências homossexuais em vista da sua admissão ao Seminário e às Ordens Sagradas.”

Em 9 páginas e cerca de 20 notas, o documento aprovado pelo então Papa Bento XVI reiterava o "não" da Santa Sé para o ingresso nos Seminários e Ordens Religiosas de sacerdotes que "praticam" a homossexualidade, têm “tendências homossexuais profundamente radicadas" ou mesmo aqueles que defendem "a chamada cultura gay."

Primeiro, era feita uma distinção entre "actos homossexuais" e "tendências homossexuais": sobre os primeiros a Igreja reafirmava a definição de "pecados graves", "intrinsecamente imorais e contrários à lei natural"; enquanto demandava para aqueles que manifestam tendências, no entanto definidas "objectivamente desordenadas", um acolhimento caracterizado por «respeito e sensibilidade ", evitando “qualquer rótulo de discriminação injusta”.

Em qualquer caso, mesmo uma dúvida quanto à 'orientação homossexual' do candidato ao sacerdócio - de acordo com as indicações fornecidas pela Instrução - poderia ser um impedimento no seu caminho para a ordenação.

"Se um candidato pratica a homossexualidade ou apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas, o seu director espiritual, bem como o seu confessor, têm o dever de dissuadi-lo, conscientemente, de prosseguir para a ordenação", estabelece um dos parágrafos. E noutro parágrafo do mesmo texto são convidados os seminaristas aspirantes (com 'orientação homossexual') a não mentir aos superiores para entrar no Seminário. "Fica entendido que o próprio candidato é o primeiro responsável por sua própria formação", diz o texto.

Seria, portanto, «gravemente desonesto que um candidato ocultasse a própria homossexualidade para ter acesso, apesar de tudo, à ordenação. Tal atitude enganosa não corresponde ao espírito de verdade, de lealdade e de disponibilidade que deve caracterizar a personalidade de quem se considera chamado a servir a Cristo."

Salvatore Cernuzio in La Stampa - Vatican Insider (23.V.2018)


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