Houve um homem de vida venerável, Bento por graça e de nome, que desde os primeiros anos da sua infância mostrou sensatez de velho. Efectivamente, ultrapassando a idade em seus costumes, nunca entregou o espírito ao prazer; pelo contrário, vivendo ainda nesta Terra, desprezou o mundo, de cujas temporalidades podia gozar livremente, tal como se despreza uma flor murcha.
Oriundo de boa família, da região de Núrcia, tinha sido mandado para Roma a estudar as ciências liberais. Porém, vendo que nesse estudo muitos resvalavam pelas ladeiras dos vícios, logo retirou o pé que mal tinha posto na soleira do mundo; não sucedesse que, se chegasse a tocar algo da ciência mundana, viesse a precipitar-se totalmente no medonho abismo. Por isso, posto de parte os estudos, abandona a casa e bens paternos e no desejo de só a Deus agradar, procurou o hábito na vida santa. E assim se retirou, cientemente ignorante e sabiamente indouto.
Preferindo os vitupérios aos louvores do Mundo, querendo antes cansar-se a trabalhar por Deus do que a gozar os cómodos da vida presente, deixou ocultamente a ama e fugiu para o retiro de um lugar solitário chamado Subiaco, distante da cidade de Roma cerca de quarenta milhas, e onde manam águas frescas e cristalinas.
São Gregório Magno, Papa, sobre a retirada de São Bento da cidade de Roma para o ermo
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