Esta festa do Imaculado Coração de Maria é uma memória mariana de origem devocional, instituída por Pio XII, que nos convida a meditar sobre o Mistério de Cristo e da Virgem em intimidade e profundidade. Maria, que guarda as palavras e os episódios da vida do Senhor, meditando-os em seu coração (Lc. 2,19), é a morada do Espírito Santo, a Sede da Sabedoria (Lc. 1,35), a imagem e o modelo da Igreja, que ouve e testemunha a mensagem do Senhor (cfr. Lc. 11,28). (Miss. Rom.)
A devoção ao Imaculado Coração de Maria consiste na veneração do Coração de Maria, Mãe de Jesus, e ganhou grande destaque com as Aparições de Fátima. Mas a origem deste culto pode ser encontrada nas palavras do Evangelista Lucas, onde o Coração de Maria aparece como uma arca de tesouros (Lc. 2,19) que guarda as mais santas lembranças.
Depois, aumenta na Era Patrística, tendo-se desenvolvido, na Idade Média e nos tempos modernos, por obra de grandes Santos como São Bernardo, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino de Sena e São João Eudes (1601-1680), que foi um grande promotor da festa litúrgica do Imaculado Coração de Maria e que, já em 1643, começou a celebrá-la com os religiosos de sua congregação. Em 1648, consegue do Bispo de Autun (França) a concessão da festa.
Em 1668, a festa e os textos litúrgicos são aprovados pelo Cardeal delegado de toda a França, enquanto Roma se negava, por diversas vezes, a confirmar a festa. Foi apenas após a introdução da festa do Sagrado Coração de Jesus, em 1765, que foi concedida, aqui e ali, a faculdade de celebrar a festa do Coração de Maria. Tanto que o Missal Romano de 1814 a elenca ainda entre as festas “pro aliquibus locis”. São João Eudes, em seus escritos, nunca separou os dois Corações de Jesus e de Maria, e enfatiza a união profunda da Mãe com o Filho de Deus encarnado, cuja vida pulsou durante 9 meses ritmicamente com aquela do Coração de Maria.
A festa foi instituída oficialmente em 1805, pelo Papa Pio VII. Cinquenta anos mais tarde, Pio IX aprovou a Missa e o Ofício próprios. Papa Pio XII[1], em 1944, estendeu a festa a toda a Igreja, em perene memória da Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, realizada por ele em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1948, o Papa Pio XII convida a todos os Católicos a fazerem a consagração ao Imaculado Coração de Maria através da Encíclica Auspicia Quaedam, onde diz:
«E como o nosso predecessor de imortal memória Leão XIII, nos albores do século XX, quis consagrar todo o género humano ao Sacratíssimo Coração de Jesus, também nós, como que representando a família humana por ele redimida, quisemos solenemente consagrá-la ao Coração Imaculado de Maria virgem. Desejamos que todos façam o mesmo, sempre que a oportunidade o aconselhar; e não só em cada diocese e cada paróquia, mas também em cada família. Assim esperamos que desta consagração particular e pública nasçam abundantes benefícios e favores celestiais. Seja presságio desses favores celestes e penhor de nossa benevolência paterna a bênção apostólica que damos com efusão de coração a cada um de vós, veneráveis irmãos, a todos aqueles que de boa mente corresponderem a esta nossa carta de exortação, e de um modo particular as caríssimas crianças.» (1 de Maio de 1948).
Em 1952, o Papa Pio XII consagra a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, através da Carta Apostólica Sacro Vergente Anno[2].
O culto do Imaculado Coração de Maria recebeu um forte impulso após as Aparições de Fátima, em 1917. Os pastorinhos viram que Nossa Senhora tinha sobre a palma da mão direita um Coração cercado de espinhos que penetravam nele, fazendo-o sangrar horrivelmente. Era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da Humanidade, a pedir reparação...
De acordo com o legado dos pastorinhos de Fátima, foi Nossa Senhora quem, em 1917, depois de mostrar a visão do Inferno a Lúcia, Jacinta e Francisco, lhes revelou o “Segredo”. Contava a Irmã Lúcia que:
“(…) para salvar as almas (...) Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração” (13 de Junho de 1917, in Memórias, da Irmã Lúcia).
Deus escolheu o Imaculado Coração de Maria, sem mancha e sem pecado, para que, assim como a salvação do mundo veio por Ela na pessoa de Jesus Cristo, também é por meio d'Ela que nós haveremos de ser salvos. Nossa Senhora afirma: “Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão a paz” (in Memórias, da Irmã Lúcia).
A Liturgia da festa ressalta a intensa actividade espiritual do Coração da primeira discípula de Cristo, e apresenta Maria propensa, no íntimo de seu coração, à escuta e ao aprofundamento da palavra de Deus. Maria medita em seu Coração os eventos em que é envolvida junto com Jesus, procurando penetrar o mistério que está vivendo: guardar e meditar em seu Coração todas as coisas, a faz descobrir a vontade do Senhor, como um pão que a nutre no íntimo, como uma água que brota em um terreno fecundo. Com este seu modo de agir, Maria nos ensina a nos alimentarmos em profundidade do Verbo de Deus, a viver saciando-nos e abeirar-nos d'Ele, e, sobretudo, a encontrar Deus na meditação, na oração e no silêncio. Maria, enfim, nos ensina a reflectir sobre os acontecimentos de nossa vida cotidiana e a descobrir neles Deus que se revela, inserindo-se em nossa História.
O objecto primário da festa do Coração Imaculado de Maria é a Sua pessoa. O objecto secundário é o Coração simbólico, isto é, o coração físico da Virgem, por ser o símbolo do seu amor e de toda a sua vida íntima, sendo a expressão de todos os seus sentimentos, afectos, e, sobretudo, de sua ardentíssima caridade para com Deus, para com seu Filho e para com todos os homens, que lhe foram confiados solenemente por Jesus agonizante.
A festa sugere o louvor e acção de graças ao Senhor por nos haver dado uma Mãe tão poderosa e misericordiosa, à qual nós podemos nos dirigir confiadamente, em qualquer necessidade. Inspira também que conduzamos uma vida segundo o Coração de Deus, e que peçamos à Virgem Santa a chama de uma ardente caridade.
in Pale Ideas
1 comentário:
E talvez, aqui, esteja, a resposta ao porquê de Portugal ser tão especial para Nossa Senhora, que nos promete que o Dogma da Fé se manterá, apesar de desaparecer no resto do mundo.
Portugal, segundo o que li, foi Consagrado ao Seu Imaculado Coração SEIS VEZES, para além de D. João IV A ter Proclamado Rainha de Portugal, coroando-A com a sua própria coroa, em 1646, nas Cortes de Março.
E S. Teotónio também teve muita influência na educação Cristã de D. Afonso Henriques, nosso primeiro Rei.
Daí, a Consagração da Nossa Nação às Cinco Chagas de Cristo e o grande Amor à Evangelização, por esse mundo afora, tão posta em causa, atualmente.
"Ai Portugal, Portugal, se não correspondes!..."
Enviar um comentário