sexta-feira, 9 de setembro de 2022

São Pedro Claver: o "Escravos dos Escravos"

São Pedro Claver foi um sacerdote jesuíta catalão, e missionário, que nasceu em 1580 no seio de uma família de agricultores que era devotamente católica e próspera na aldeia de Verdú, Urgell, localizada na província de Lleida. 
Mais tarde, como estudante da Universidade de Barcelona, Claver ficou conhecido pela sua inteligência e piedade. Após dois anos de estudos, escreveu essas palavras no seu caderno, que guardou até o fim de sua vida: “Devo dedicar-me ao serviço de Deus até a morte, entendendo que sou como um escravo.”

Após a conclusão dos seus estudos, ingressou na Companhia de Jesus em Tarragona, aos 20 anos. Quando completou o seu noviciado, foi enviado para estudar filosofia em Palma. Lá conheceu o porteiro do Colégio, Santo Afonso Rodríguez, um irmão leigo que era conhecido pela sua santidade e dom de profecia. Rodríguez acreditava que Deus lhe dissera que Claver iria passar a vida a serviço nas colónias da Nova Espanha e pedia frequentemente para que o jovem estudante aceitasse esse chamamento.

Claver ofereceu-se para as colónias espanholas e foi enviado para o Reino de Nova Granada, onde chegou à cidade portuária de Cartagena em 1610. Foi necessário esperar seis anos para ser ordenado sacerdote. Enquanto fazia os seus estudos teológicos, morou em casas jesuítas em Tunja e Bogotá. Durante esses anos preparatórios, ficou profundamente perturbado com o tratamento severo e as condições de vida dos escravos negros trazidos de África.

O Pe. Alonso de Sandoval foi o seu mentor e inspiração, por ter se dedicado a servir os escravos durante 40 anos antes que Claver chegasse para dar continuidade ao trabalho. Sandoval achou Claver apto e, quando ele professou solenemente os seus votos, em 1622, assinou o seu documento final com os dizeres em latim: Petrus Claver, aethiopum semper servus (Pedro Claver, servo dos etíopes para sempre).

Claver dirigiu-se ao cais assim que um navio negreiro entrou no porto. Embarcando no navio, entrou nos porões para tratar e ministrar a carga humana terrivelmente maltratada, que havia suportado uma viagem de vários meses sob condições difíceis. Depois, enquanto os escravos foram arrebanhados do navio e redigidos nos quintais próximos para serem examinados por uma multidão de compradores, Claver juntou-se a eles com remédios, comida, pão, brandy, limões e tabaco. Com a ajuda de intérpretes deu instruções básicas.

Claver viu os escravos como companheiros cristãos, encorajando-os a fazê-lo também. Durante a temporada em que os traficantes não aportavam, Claver atravessou o país visitando plantações atrás de plantações para dar consolo espiritual aos escravos. Durante os 40 anos de ministério, estima-se que ele tenha catequizado e baptizado mais de 300 mil escravos.

O trabalho de Claver em favor dos escravos não o impediu de ministrar às almas de membros prósperos da sociedade, comerciantes e visitantes de Cartagena (incluindo muçulmanos e protestantes ingleses), tendo também feito o mesmo a criminosos condenados, muitos dos quais preparou espiritualmente para a morte. Também era um visitante frequente nos hospitais da cidade.

Nos últimos anos da sua vida estava doente demais para deixar o seu quarto e permaneceu negligenciado, esquecido, fisicamente abusado e privado de comida durante quatro anos, por um ex-escravo que havia sido contratado pelo superior da casa para cuidar dele. Nunca reclamou do modo como foi maltratado, aceitando-o como punição justa pelos seus pecados. Veio a falecer no dia 8 de Setembro de 1654.

Quando as pessoas da cidade souberam da sua morte, muitos forçaram-se a entrar no seu quarto para prestar homenagem. Tal era a sua reputação de santidade que as pessoas se apoderaram de todas as suas roupas para servir como uma relíquia do santo.

Ficou conhecido como "Escravo dos Escravos e “Apóstolo dos Negros”.

adaptado de salvemaria.com.br


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3 comentários:

Maria José Martins disse...

É pena, que hoje só escutemos histórias destas, contadas por alguns "médicos sem fronteiras!"
Não duvido, que as haja, por essas Missões Católicas afora... sem, contudo, chegarem até nós!
Como a Gratidão desses Povos escravizados era enorme e reconhecida, com a MAIS VALIA de sentirem nesse Santo, algo de SOBRENATURAL, ao ponto de lhe confiscarem as roupas; QUE BELO TESTEMUNHO!-- à parte, o Judas que o abandonou, pois, infelizmente, sempre aparecem--
Falei nos relatos de alguns "médicos sem fronteiras", porque também eles salientam ESSE RECONHECIMENTO, motivo pelo qual não conseguem deixar de ARRISCAR as suas vidas por essas vítimas... E, embora, só possam TER DEUS no coração, para poderem sentir tanta Abnegação, muitas vezes nem O reconhecem, perdendo assim, uma GRANDE oportunidade de EVANGELIZAR, conseguindo, contudo, DESPERTAR em quem os ouve, os mesmos sentimentos.

Maria José Martins disse...

E, para aqueles que sobrevalorizam o papel das ONGS, sem qualquer menosprezo, peço que constatem a DIFERENÇA. Mesmo traído e a morrer de sofrimento, NUNCA acusou o TRAIDOR e TUDO sofreu calado, igualando-se a Jesus Cristo; a TAL e VERDADEIRA MISERICÓRDIA!

maria José Martins disse...


E são testemunhos como este, que deveriam ser relatados, em vez das mentiras que, hoje, difamam a História da Igreja, querendo pôr em causa o Seu papel na Evangelização do mundo...
É por isso que a Europa está como está, pois, continua a negar as Suas Origens, e, sobretudo, a Sua tão Nobre Missão...
Acredito que, tal como sempre acontece, infelizmente, tenha havido "gente capaz de tudo"... mas também acredito que, se não fosse o Cristianismo, NUNCA o mundo teria progredido tanto em Justiça, Liberdade-- não em libertinagem-- e Amor ao Próximo, como progrediu!
Quantos mártires, e alguns de famílias Nobres, deram a vida por Cristo, e TUDO deixaram para que Ele fosse conhecido, pois acreditaram que, somente, a Sua Palavra pode MUDAR e SALVAR o mundo, uma vez que SÓ ELE É O CAMINHO A VERDADE E A VIDA!
Dói-me demais, ouvir e ler certos "historiadores tendenciosos e ignorantes" a denegrir, nos seus confortáveis gabinetes, o trabalho e a entrega despretenciosa desses HERÓIS, que se imolaram somente por AMOR, mas cujo prémio, hoje, á a difamação...
E, sem querer magoar ninguém, ou pretender meter-me em Política, vou acabar, relatando algo, que me marcou profundamente, aquando da Independência das ex-colónias portuguesas: Uma tia minha, Franciscana de Maria, encontrava-se em Angola, nessa altura. Viveu toda a confusão da época, tal como todos os da sua Comunidade, ajudando e protegendo sem restrições, os que euforicamente--Angolanos--a eles se dirigiam, felizes por serem, finalmente, livres!
Contudo, não demorou um ano, que esses mesmos perguntassem amargurados: "Mas, quando acaba a Independência?!"
E se não fosse a IGREJA tê-los acolhido e ajudado novamente, todos sabemos o que lhes teria acontecido, porque OS TAIS SENHORES DA GUERRA e DEFENSORES DA FRATERNIDADE continuavam a USAR o Povo, para conseguirem os seus pouco claros objectivos!!