terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Dia da Conversão do grande São Paulo

Saulo, cidadão romano por privilégio da sua cidade natal, Tarso, era um judeu convicto, formado na escola de Gamaliel, em Jerusalém. Opôs-se decididamente à nova fé que começava a propagar-se na Palestina e arredores. Clamou pela morte de Estêvão, e tomou parte nela, guardando as capas dos que apedrejavam o protomártir. Perseguiu violentamente os crentes em Jesus Cristo. O seu nome causava terror nas comunidades cristãs. Ao dirigir-se para Damasco para prender os cristãos que lá encontrasse e conduzi-los a Jerusalém, encontrou Jesus ressuscitado. 

Esse encontro mudou-lhe para sempre a vida, com a sua forma de crer e de pensar. Jesus ressuscitado, que ele perseguia, tornou-se o centro da sua espiritualidade e da sua teologia. Em Antioquia, Saulo faz a sua primeira experiência de vida cristã. Tornado apóstolo do Evangelho, com o nome de Paulo, Antioquia será também o ponto de partida para as suas viagens missionárias. Funda diversas comunidades na Ásia e na Europa. Escreve-lhes cartas que testemunham o seu amor a Jesus Cristo e à Igreja, e nos dão elementos importantes da sua teologia. Como apóstolo verdadeiro e autêntico, Paulo tem sempre o cuidado de voltar a Jerusalém para se confrontar com os outros apóstolos e não correr em vão.

Há muitos séculos que a festa da conversão de S. Paulo foi fixada no dia 25 de Janeiro, talvez por causa da data da transladação do seu corpo, que atualmente repousa na Basílica de S. Paulo Fora dos Muros, em Roma.

Meditatio

Em S. Paulo revela-se verdadeiramente o poder de Deus. Inimigo acérrimo do nome de Cristo, Saulo encontra-se com o Senhor no caminho de Damasco, acolhe-o na fé e torna-se seu Apóstolo entusiasta, com uma fecundidade extraordinária, que ainda não terminou. O seu itinerário de fé é símbolo do nosso.

Acreditar implica, antes de mais, encontrar pessoalmente Jesus de Nazaré, Deus feito homem. O cristão não se acredita numa doutrina, num sistema, mas numa pessoa, a pessoa humano-divina de Jesus. Ter fé é aderir vitalmente a Jesus, de tal modo que já não se pode viver sem Ele.

Realizado o encontro, passa-se ao diálogo, uma vez que a fé é encontro e adesão entre pessoas inteligentes e livres. A quem se dispõe ao diálogo, Deus revela a Si mesmo, revela a sua vontade e os seus projetos. Este diálogo vital leva aqueles que o realizam a uma forma de vida cada vez mais elevada.

Mas a fé cristã também é obediência, submissão, abandono total da criatura ao Criador. Obedecer não significa abdicar da própria liberdade ou dos próprios direitos. Significa, sim, perceber a imensa distância que existe entre si o interlocutor e, ao mesmo tempo, intuir que a adesão à vontade divina leva à total satisfação e realização de si mesmo.

Finalmente, a fé cristã é também missão. Não se pode privatizar um bem que, por sua natureza, é comunitário. Quem recebeu de Cristo o dom da salvação em Cristo, sente-se intimamente obrigado a fazer dele um dom para os outros.

O Apóstolo Paulo é nosso guia em tempos de aprofundamento espiritual e de renovação apostólica. Como ele, o apóstolo dos tempos novos deve procurar, em primeiro lugar, a inteligência do Mistério de Cristo num apego inquebrantável ao seu Amor (cf. Ef 3, 4; Rm 8, 35; Fl 3, 8-10). É apóstolo, em primeiro lugar, pelo testemunho da visão de Cristo (At 26, 1) e tornando-se no Espírito imagem viva do Salvador morto e ressuscitado. É a caridade do Senhor que vive nele e que o impele em direção aos homens para lhes anunciar o Evangelho de Deus, o Evangelho que todos podem ler na sua vida e nos seus escritos. Ensina-nos o serviço ardente e inteligente em favor do Reino. Vivendo de Cristo, a ponto de ser identificado com Ele pela graça (Gl 2, 20), lembra-nos que o serviço apostólico enraíza numa verdadeira consagração a Deus e dá à nossa oblação capacidade para se manifestar e aprofundar no trabalho generoso para que a humanidade se torne «uma oblação agradável santificada pelo Espírito Santo (XV Capítulo Geral, DOC VII, n. 167).

Oratio

Apóstolo S. Paulo, na tua juventude, deixaste-te levar por um zelo ardente mas errado em favor da unidade do povo de Deus. Por isso, perseguiste duramente os cristãos. Deus converteu-te e introduziu-te na Igreja, Corpo de Cristo, onde deve integrar-se quem quiser viver na verdadeira fé. Mas a tua adesão a Cristo e a tua integração na Igreja não te fizerem esquecer o teu povo, pelo qual sentias uma dor profunda e permanente. Que a minha alegria de estar em Cristo não me faça esquecer a situação do antigo Povo de Deus, nem a dos cristãos divididos, que tardam em chegar à unidade que Deus quer. Ámen.

Contemplatio

S. Paulo recolhe-se alguns dias, depois começa a pregar a divindade de Jesus Cristo. Será um dos mais poderosos apóstolos pela palavra e pelo sofrimento. «Escolhi-o, dizia Nosso Senhor, para levar o meu nome diante das nações e dos reis e dos filhos de Israel, e hei de mostrar-lhe quanto terá de sofrer pelo meu nome». A sua conversão e a sua vocação são devidas à misericórdia do Coração de Jesus. O Coração de Jesus ama as almas ardentes, zelosas, dedicadas. Mas a oração de Santo Estêvão contribuiu para estas grandes graças. Santo Estêvão rezava pelos seus perseguidores, entre os quais S. Paulo era o mais ardente. Se soubermos rezar e sofrer pelas almas, obteremos grandes graças, ilustres conversões, vocações poderosas. Ofereçamos as nossas orações, as nossas cruzes, os nossos sofrimentos ao Coração de Jesus para que envie à sua Igreja, nestes tempos difíceis, apóstolos poderosos em palavras e em obras (L. Dehon, OSP 3, p. 90s.).

Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra: “Que hei de fazer, Senhor?” (At 22, 10).  

in dehonianos.org


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1 comentário:

Maria José Martins disse...

Em "O Evangelho como me foi revelado" Jesus explica o porquê de ter concedido a S. Paulo a Conversão e a Gamaliel.
Ambos Fariseus, não eram simples como os Pastores, que eram: humildes, ignorantes e pobres, mas de olhos fiéis, bocas honestas, corações amorosos, incendiários, exalando o perfume de suas virtudes, para tornar menos corrompido o ar da Terra...
Gamaliel era vítima do enredo das lianas farisaicas , que lhe sufocavam a Luz e a livre expansão da Fé. Contudo, NO SEU SER DE FARISEU EXISTIA RETA INTENÇÃO. Ele desejava estar certo--por instinto--, porque era Justo; mas também, o era, por Inteligência, porque o seu Espírito gritava descontente: "Este pão está misturado com demasiadas cinzas. Dá-nos o pão da VERDADEIRA VERDADE!"
Mas, Gamaliel não era suficientemente forte, a ponto de rebentar as LIANAS FARISAICAS porque sua humanidade o escravizava ao bem estar da família, às considerações da estima humana, não compreendendo " o Deus que passava por ele e pelo seu Povo, nem conseguia usar "aquela LIBERDADE", que Deus deu a cada um, para fazer uso d/Ela para o Bem. Daí, também ter precisado do Sinal--O rompimento do Véu do Templo--...
Mas OBSERVAI BEM-- diz-nos Jesus-- o VALOR DA RETA INTENÇÃO! Ele era Justo mesmo assim, e, por isso, lhe perdoei, quando aos pés da Cruz mo implorou em lágrimas.
Mas SAULO, se manchou demoniacamente, quando colocado, para que fizesse uma escolha entre o Bem e o Mal, entre o Justo e o Injusto, porque a árvore do Bem e do Mal, é sempre colocada entre os Homens, no momento das grandes decisões! E a serpente tentadora pode muito bem, com a sua voz enganadora de rouxinol, influenciá-los, para o fruto que lhes causará lesões e morte no espírito. Saulo estendeu as suas mãos ávidas, para o fruto do Mal, do ódio, do delito, tornando-se CEGO da vista espiritual. Daí, precisar ficar CEGO da vista humana, para que a PRIMEIRA--Sobre Humana--voltasse, quando interpelado por Mim, já Ressuscitado!
E aquele, que antes odiava, maldizia e perseguia os Cristãos, tornou-se, não somente JUSTO, mas Apóstolo e Confessor!