segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Francisco I e Bento XVI

Confesso que nunca fui um Padre que se especializasse em Liturgia. Acrescento que fui Ordenado Sacerdote numa Missa de Paulo VI (Novus Ordo) e que até hoje até hoje sempre celebrei essa Missa.

Nascido em 1953, ainda tenho vagas recordações da Celebração do Santo Sacrifício da Missa tal como oferecido antes da chamada “Missa de Paulo VI”. O Missal que meus pais me tinham dado em latim e com a tradução portuguesa tornou-se “inútil”. O altar antes usado foi substituído por um outro, virado, não para Deus, mas para os fiéis, aproximando-se deles. A Sagrada Comunhão, que era feita de joelhos e recebida na boca, na balaustrada, dispensou esta, que demarcava o santuário da nave e continuou, durante pouco temo, a ser realizada no mesmo modo. Brevemente foi-nos mandado comungar de pé, em filas paralelas, sendo que se podia receber Nosso Senhor na boca ou nas mãos.

Depois de alguns anos em que vivi afastado da Igreja, ao ser tocado pela Graça, voltei e procurei empenhar-me, não só na assistência aos desfavorecidos, mas também nas coisas intraeclesiais. Assisti a conferências-pregações sobre a liturgia, chegando a participar numa semana dedicada à mesma, em Fátima.

Depois de entrar no Seminário franciscano, lia tudo o que saía da Santa Sé sobre liturgia - não somente os documentos a ela dedicados, mas também as cartas admiráveis de S. João Paulo II aos sacerdotes por ocasião das Quinta-feira Santa. Mais tarde, estudei com a máxima atenção e gratidão as suas esplêndidas encíclicas sobre a Eucaristia.

Como, desde o Noviciado (1980/81), depois de ter adquirido, em Assis, um livro sobre a Eucaristia do teólogo Joseph Ratzinger, que eu desconhecia inteiramente. Maravilhado tornei-me num seu grande entusiasta e, não obstante, as minhas limitações, procurei ser não ser somente discípulo de S. João Paulo II, mas também do Cardeal Ratzinger. Infelizmente, os ignorantes que não leram ou não estudaram, ou não compreenderam, estes dois admiráveis filósofos e teólogos, cuidam que o Cardeal Ratzinger era o mentor, influenciador, de S. João Paulo II, passando-lhes despercebida a enorme influência teológica, aliás, confessada pelo próprio Ratzinger, que S. João Paulo II nele exerceu.

Não obstante, a leitura de todos os livros de Joseph Ratzinger publicados em francês, italiano e espanhol, familiarizaram-me com as suas obras sobre liturgia; o que foi para mim muitíssimo salutar.

De modo que, ao ser eleito Papa Bento XVI, pareceu-me absolutamente normal e totalmente coerente com a Sagrada Tradição da Igreja a sua iniciativa Magistral de promulgar o Motu Proprio SummorumPontificum. A Sagrada Tradição da Igreja é fonte de Revelação, a par com a Sagrada Escritura, sendo ela que elaborou o Novo Testamento e discerniu quais os livros inspirados da Antiga Aliança.

Foi, pois, com um espanto desmedido, enorme, que tomei conhecimento da promulgação do Motu ProprioTraditionesCustodes[1], e da carta que o acompanha, que contradiz ponto por ponto o Motu Proprio, acima referido, de Bento XVI.

Uma vez que a contradição, entre os dois, é patente e notória somos obrigados a perguntar-nos sobre qual será o verdadeiro, isto é, aquele que se adequa à Realidade. Decidi por isso aprofundar, nos últimos 3 meses, o assunto. Pessoalmente não tenho dúvidas. No entanto, aqui vos deixo os livros que então estudei:

T&T Clark Companion to Liturgy - Editor Alcuin Reid, mais 17 Autores, pp. 550
 
The Organic Development Of The Liturgy - Dom Alcuin Reid, OSB, pp. 374
 
The Voice of The Church at Prayer: Reflections on Liturgy and Language - Uwe Michael Lang, 225 pp.
 
Turning Towards The Lord - Uwe Michael Lang, pp. 180
 
The Traditional Mass: History, Form, and Theology of the Classical Roman Rite- Michael Fiedrowicz, 350 pp.
 
Reclaiming Our Roman Catholic Birthright: The Genius and Timeliness of the Traditional Latin - Peter A. Kwasniewski, 388 pp.
 
In persona Christi: La Messa unicotesoro e la sua concelebrazioneEnricoZoffoli, Athanasius Schneider, Nicola Bux, AurelioPorfiri, 90 pp.
 
Nothing Superfluous - James W. Jackson Fssp, 357 pp.
 
La distribuzione della comunione sulla mano: Profilistorici, giuridici e pastorali


Padre Nuno Serras Pereira

[1] Este documento com a carta aos Bispos que o enquadra tem dados incorrectos, contraditórios e falsos. Acresce que somente 30% dos Bispos responderam ao inquérito da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé - algo inédito. Enigmaticamente, as respostas estão na posse do Papa e em segredo Pontifício. Não se pode, pois, verificar da veracidade ou da falsidade das informações de Oficiais da Sagrada Congregação para a D. da Fé, as quais afirmam que muitas das respostas eram favoráveis, no que diz respeito aos grupos, comunidades e paróquias que celebravam a Missa de S. Gregório Magno, aperfeiçoada e confirmada por S. Pio V, após o Concílio de Trento.



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