As curiosidades sobre a vida e obra de Irmã Dulce, agora Beata, são inúmeras. A religiosa, que não media esforços para ver os mais necessitados felizes, chegou a dormir durante 30 anos numa cadeira de madeira para cumprir uma promessa.
A penitência foi feita em agradecimento da recuperação da sua irmã Dulcinha, que, em 1955, teve uma gravidez de alto risco e poderia morrer. “Ela cumpriu essa promessa por 30 anos, com muita dificuldade porque tinha um enfisema pulmonar. Em 1985, os médicos convenceram-na de quebrar a penitência devido ao estado de saúde. Mas foi difícil, ela não queria”, partilhou o assessor de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), Osvaldo Gouveia.
Segundo o assessor, que há 16 anos estuda a vida da religiosa, o 'Anjo bom da Bahia' dormia no máximo quatro horas por dia e costumava dizer que gostaria de não precisar descansar, pois assim teria mais tempo para ajudar os pobres. “Irmã Dulce vivia a radicalidade em todos os momentos. Fazia jejum, sacrifícios e passou também por muita humilhação, pois tinha um objectivo bem definido: entendia a humilhação como um crescimento espiritual”, completou.
A futura beata brasileira começou cedo a fazer caridade, precisamente aos 13 anos, depois de visitar uma favela no interior da capital baiana. Nos seus quase 78 anos de vida, dedicou todo seu tempo aos mais necessitados, exercendo a missão de “amar e servir”, que se tornou o lema de suas obras. Extremamente bem humorada, Irmã Dulce chegou a tocar acordeão e a cantar nas ruas de Salvador para arrecadar dinheiro.
“Irmã Dulce é a brasileira que eu conheço que mais venceu barreiras e quebrou paradigmas. Ela criou o bandejão, em 1950, para dar comida aos pobres; criou a rede de aleitamento materno; fundou cinemas. Era uma grande empreendedora!”, acrescentou Gouveia, que acredita que a maior virtude da religiosa seja a perseverança. in Canção Nova
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