quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Ser capaz de amar os inimigos

Algum de vós dirá: «Não sou capaz de amar os meus inimigos.» Deus não cessa de te dizer nas Escrituras que és capaz, e tu respondes-Lhe dizendo que não és? Reflecte comigo: em quem devemos acreditar, em Deus ou em ti? Uma vez que Aquele que é a própria Verdade não pode mentir, que a fraqueza humana abandone desde agora as suas desculpas fúteis. Aquele que é justo não pode ordenar coisas impossíveis, nem Aquele que é misericordioso condenará um homem por algo que este não era capaz de evitar. 

Nesse caso, a que se devem as nossas hesitações? Ninguém sabe melhor aquilo de que somos capazes do que Aquele que nos tornou capazes. Há tantos homens, tantas mulheres e crianças, tantas jovens delicadas que por amor de Cristo suportaram as chamas, o fogo, o gládio e os animais selvagens de forma imperturbável, e nós dizemos que não somos capazes de suportar insultos de gente estúpida?

Com efeito, se só tivéssemos de amar os bons, que haveríamos de dizer do comportamento do nosso Deus, sobre quem está escrito: «De tal modo amou Deus o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito»? (Jo 3,16) Pois que bem tinha o mundo feito para que Deus assim o amasse? Cristo nosso Senhor veio encontrar todos os homens, não somente maus, mas mortos por causa do pecado original; e contudo, «amou-nos e entregou-Se a Si mesmo por nós» (Ef 5,2). 

Deste modo, amou também aqueles que não O amavam, como observa o apóstolo Paulo: «Cristo morreu pelos culpados» (Rm 5,6); e, na sua misericórdia inexprimível, deu este exemplo a todo o género humano, dizendo: «Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29).

S. Cesário de Arles in Sermões ao povo, n° 37; SC 243 


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4 comentários:

Anónimo disse...

O amor aos inimigos é sinal de misericórdia e nos assemelha a Deus. Que Deus nos livre das pessoas más que não tem piedade para com seus inimigos!

Anónimo disse...

O cristianismo ensinou o amor aos inimigos. Amar os inimigos não é impossível, mas certamente a graça de Deus ajuda muito.
Agora o que é mais triste é que vivemos em tempos em que os homens têm se tornado cada vez mais insensíveis e impiedosos, se tornando como feras incapazes de misericórdia e compaixão até mesmo com os próprios familiares, como em certos casos mais tristes e clamorosos. Aliás, São Paulo já nos advertia sobre a impiedade dos homens no final dos tempos.

Maria José Martins disse...

Segundo o que escutei de um "santo padre", há já algum tempo, amar os inimigos ou ter Misericórdia é apanágio, somente, dos Cristãos, que devem seguir e imitar Jesus, o seu Mestre.
Porém, nos tempos que correm, cada vez é mais difícil, por causa da MISTURA das novas doutrinas--Nova Era-- que incentivam à EXALTAÇÃO do EU, EU e sempre EU!

Maria José Martins disse...

E o que mais dói, quando ouvimos dizer que "todas as Religiões são verdadeiras", é nós Cristãos não termos a capacidade de descobrir a GRANDE DIFERENÇA, que está, precisamente, em Amar o Próximo como a nós mesmos e, até, Amar os próprios inimigos!
E o tal Senhor Pe., que em cima referi, prova-nos isso com ditos populares das ditas "Grandes Religiões".
Na Muçulmana, segundo ele, diz-se: "Quando vires algum teu semelhante chorar, lembra-te de que as suas lágrimas são apenas ÁGUA!"
Na Judia, diz-se: "Toma cuidado com o teu semelhante, porque tudo o que lhe deres a mais, recebê-lo-ás, em coices!"
Para não falar já, na Pena de Talião: "Olho por olho, dente por dente!"