sexta-feira, 24 de junho de 2016

Como a Graça mudou duas vidas: à mesa com futuros padres

No próximo Domingo, dia de S. Josemaria, serão ordenados cinco novos sacerdotes para a diocese de Lisboa. Num tempo em que se ousa dizer que não há vocações, este já é um número grande. E mais surpreendente é que dois destes novos sacerdotes vêm de uma só paróquia – a Paróquia de S. Nicolau. S. Nicolau tem neste momento quase uma dezena de rapazes universitários a estudar no seminário do Patriarcado de Lisboa.

O sacerdócio é um mistério imenso, impossível de compreender totalmente na terra. São rapazes normais, iguais aos outros, que Deus escolhe para serem canais da Sua Graça no mundo. São vidas onde se vê mais claramente a Graça de Deus a actuar. Por saber isto, o Pe. Mário Rui, pároco de S. Nicolau, organizou um jantar para mais de 50 jovens universitários com os dois diáconos da paróquia. Ao longo do jantar, os futuros Pe. Marcos e Pe. Tiago, responderam a várias perguntas e explicaram como Deus se meteu nas suas vidas, como perceberam a sua vocação e como tem sido o caminho até ao dia da ordenação.

Foi uma noite verdadeiramente edificante. Todas as respostas que ouvimos serviram para elevar os corações a Deus e despertar em cada um de nós o desejo de se deixar tocar e guiar pela Graça. Como disse um dos futuros padres é preciso “deixar que Deus seja Deus” nas nossas vidas.

Um deles explicou que para contar a sua história com Deus tinha de contar a história da sua mãe. Mas para isso tinha ainda de contar outra história. Tudo começou com um americano que, nos Estados Unidos, por causa de um grande acidente, ficou vários dias inconsciente num hospital. Quando acordou, perguntou às enfermeiras o que era aquela imagem que estava na mesa do quarto. Durante o tempo que esteve inconsciente no hospital, umas freiras tinham ido lá rezar todos os dias por ele e tinham deixado uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. Este senhor não era Católico, mas quis saber mais. Queria perceber quem eram estas freiras e quem era a Senhora de Fátima que aparentemente o tinha curado. 

Pista atrás de pista, decidiu apanhar o avião para a Europa e vir ao Santuário de Fátima. Quando chegou à Capelinha das Aparições caiu de joelhos e entregou toda a vida à Santíssima Virgem. Dias depois, o seu voo de regresso para casa foi cancelado e ele entendeu isso como um sinal do Céu para ficar a viver em Fátima ao serviço dos peregrinos, onde ainda hoje vive. Numa visita posterior aos Estados Unidos, no avião, ele meteu conversa com uma portuguesa. Com ousadia, contou-lhe como Nossa Senhora o tinha curado e como tinha mudado a sua vida. Ela ficou a pensar nisso e mais tarde comentou com o marido que precisavam de levar uma vida mais aberta à vontade de Deus. Uma das consequências disso foi que este casal português, que tinha decidido não ter mais filhos, acabou por ter mais. Um dos últimos filhos cresceu e já depois da universidade percebeu que Deus o chamava para ser sacerdote. Será um dos ordenados no próximo Domingo.

Depois o outro diácono contou como tinha descoberto quem era Deus e como a sua vida mudou por causa disso. Um dia na Universidade Católica foi convidado por uns amigos para ir passar fora um fim-de-semana. Era um programa igual aos outros, mas com uma diferença: também ia o capelão da universidade. Muitos jovens hoje orgulham-se da sua rebeldia por saírem à noite e por fazerem o que querem com a namorada, sem se dar conta de que estão a fazer o que todos fazem. Mas nesta viagem houve um desafio muito maior. De repente, aqueles seus amigos todos Católicos, convidaram-no a rezar o Terço na viagem. Ele achou estranho: estes rapazes eram tão simpáticos e tão divertidos, porque é que perdiam 15 minutos por dia a rezar muitas Ave Marias? O passo de dizer que sim ao Terço foi talvez um dos maiores que deu na vida. Foi assim pela grandeza de tudo o que veio com essa decisão. Nossa Senhora meteu-se na vida dele nos restantes anos da universidade e levou-o até ao sacerdócio. Um caminho que se tornará ainda maior a partir do próximo Domingo.

No final, ambos responderam que o seu maior medo era não serem capazes de corresponder à graça de Deus. Não queriam nem cortar os frutos da Graça nem esquecer-se de que Deus é que faz tudo. Por isso é que ao comentarem os vários pontificados das suas vidas, não hesitaram em referir o nome do Papa Bento XVI, com quem descobriram a sua vocação. No entanto, também referiram o seu amor e obediência ao Papa Francisco e por qualquer Papa que ocupe a Sé de Pedro. Isto viu-se claramente quando se lhes perguntou o que é que fariam se tivessem oportunidade de mudar alguma coisa na Igreja. A resposta foi particularmente forte, tendo em conta que muitos Católicos parecem opinar sem problema sobre o caminho que a Igreja deve ou não seguir. “Se me fosse concedido mudar alguma coisa na Igreja, mudar-me-ia a mim mesmo” disseram os futuros Pe. Marcos e Pe. Tiago.

Não duvido que de entre os que estavam neste jantar surjam outras vocações para o sacerdócio. Desde o tempo dos Apóstolos, Deus não pára de chamar pessoas para o Seu serviço, em particular no caminho do Sacerdócio. E será assim até ao final dos tempos.

Nuno CB

Ps: Contamos com as orações dos nossos leitores por estes dois futuros sacerdotes!


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