terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Papa Francisco critica o aborto e "novos direitos" surgidos depois de 1968

No discurso ao corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, o Papa Francisco criticou os "novos direitos" que surgiram depois do 'Maio de 68', especialmente o "direito" ao aborto. O Papa criticou ainda a colonização ideológica dos países mais ricos em relação aos mais pobres, numa referência que já antes tinha usado em relação à ideologia de género e "direitos LGBT" que estão a ser impostos em muitos países como condição para a ajuda financeira ou humanitária por parte de poderosas organizações como a ONU:

«Todavia deve notar-se que, ao longo dos anos – sobretudo depois das agitações sociais de 1968 –, se foi progressivamente modificando a interpretação de alguns direitos, a ponto de se incluir uma multiplicidade de «novos direitos», não raro contrapondo-se entre si. Isto nem sempre favoreceu a promoção de relações amigas entre as nações, porque se afirmaram noções controversas dos direitos humanos que contrastam com a cultura de muitos países, que, por isso mesmo, não se sentem respeitados nas suas próprias tradições socioculturais, antes veem-se transcurados nas necessidades reais que têm de enfrentar. Consequentemente pode haver o risco – de certa forma paradoxal – de que, em nome dos próprios direitos humanos, se venham a instaurar formas modernas de colonização ideológica dos mais fortes e dos mais ricos em detrimento dos mais pobres e dos mais fracos. Ao mesmo tempo, é bom ter presente que as tradições dos diversos povos não podem ser invocadas como pretexto para descurar o devido respeito dos direitos fundamentais enunciados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Setenta anos depois, faz pena assinalar como muitos direitos fundamentais são violados ainda hoje. E, primeiro dentre eles, o direito à vida, à liberdade e à inviolabilidade de cada pessoa humana. A lesá-los, não são apenas a guerra ou a violência. No nosso tempo, há formas mais subtis: penso antes de mais nada nas crianças inocentes, descartadas ainda antes de nascer; às vezes não queridas, apenas porque doentes ou mal-formadas ou pelo egoísmo dos adultos. Penso nos idosos, também eles muitas vezes descartados, sobretudo se estão doentes, porque considerados um peso. Penso nas mulheres, que muitas vezes sofrem violências e prepotências, mesmo no seio das suas famílias. Penso depois em todos aqueles que são vítimas do tráfico de pessoas, que viola a proibição de toda e qualquer forma de escravatura. Quantas pessoas, especialmente em fuga da pobreza e da guerra, acabam objecto de tal traficância perpetrada por sujeitos sem escrúpulos!»

Papa Francisco in 'Discurso ao corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé' (8.I.2018)


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