sábado, 21 de outubro de 2023

Dia do Beato Carlos de Áustria, o Imperador Católico que morreu na Madeira

Carlos Francisco José de Habsburgo, Arquiduque e Príncipe Imperial da Áustria, Príncipe Real da Hungria e da Boémia, Príncipe Ducal de Lorena e de Bar, Príncipe de Habsburgo-Lorena, nasceu no pequeno Castelo de Persenberg. Era o filho mais velho do Arquiduque Otão (*1865 †1906) e da Arquiduquesa Maria Josefa (*1867 †1944), nascida Princesa Real de Saxe. 

Desde muito jovem foi evidente a sua propensão para as coisas de Deus, faceta que se perpetuou ao longo de toda a vida, quer durante os anos da sua carreira militar quer posteriormente já como Imperador da Áustria e Rei da Hungria e como pai e chefe de família. Carlos de Habsburgo praticou exemplarmente os seus deveres de cristão, tanto em público como na esfera privada, procurando sempre o bem do próximo e fazendo tudo para aliviar o sofrimento dos mais necessitados. 

Era frequente encontrá-lo a rezar recolhido no seu gabinete de trabalho e também na frente de batalha. Encorajava os seus soldados a rezar e, antes de dar início a uma reunião ou a qualquer outro acto formal ou informal era frequente pedir a quem estivesse consigo que o acompanhasse numa breve oração.

A 21 de Outubro de 1911, casou com a sua prima a Arquiduquesa Zita de Bourbon (*1892 †1989), Princesa de Parma, Princesa de Bourbon-Anjou, quarta filha do Duque de Parma, D. Roberto I (*1848 †1907) e da sua segunda mulher, a Infanta D. Maria Antónia de Bragança (*1862 †1959) -- esta última, filha do Rei D. Miguel de Portugal. A união conjugal de Carlos de Habsburgo com Zita de Bourbon foi abençoada pelo Papa São Pio X que "em audiência privada a Zita preconizou o futuro do seu consorte como imperador e revelou-lhe que as virtudes cristãs de Carlos seriam um exemplo para todos os povos".

Em 1903 o Arquiduque Carlos iniciava a sua carreira militar a qual iria terminar em 1916 já em plena I Guerra Mundial, ano em que subiu ao trono da Áustria com o nome de Carlos I, após a morte do seu tio-avô o Imperador Francisco José. Tornou-se príncipe herdeiro em consequência do assassinato do seu tio e herdeiro do trono, o Arquiduque Francisco Ferdinando, às mãos de nacionalistas sérvios, em Sarajevo, na capital da província da Bósnia-Herzegovina, facto que iria despoletar a Primeira Grande Guerra.

No seu curto reinado, como Imperador da Áustria e Rei da Hungria, Carlos de Habsburgo procurou incessantemente uma solução para a paz entre todos os beligerantes e mostrou uma preocupação contínua pelo bem-estar espiritual e material dos seus povos, revelando, neste aspecto particular, estar bem à frente dos Chefes de Estado seus contemporâneos. 

Durante largos períodos, no decorrer da Primeira Grande Guerra, Carlos de Habsburgo ordenou o racionamento de víveres no palácio Real, à semelhança do que acontecia em toda a cidade de Viena. Ordenou também que se utilizassem os cavalos do palácio para a distribuição de carvão por toda a capital do Império, tendo igualmente lutado contra a usura e a corrupção que grassavam naquela época. 

Todas as suas decisões, como monarca, eram tomadas, invariavelmente, em função de valores éticos e morais, pondo sempre em primeiro lugar o princípio cristão do bem do próximo por amor a Deus

Essa sua forma de sentir e de agir levou-o a proibir bombardeamentos estratégicos de populações e de edifícios civis e a restringir a utilização do gás mostarda. Também fez aprovar leis que impediam a leitura de publicações obscenas nas fileiras do exército e deu início a um movimento destinado a distribuir aos militares que se encontravam na frente de batalha publicações com conteúdos edificantes, tendo estimulado e implementado a formação de uma imprensa de orientação católica. 

Essa sua conduta exemplar tornou-se bem patente também nos momentos mais difíceis da sua vida. Com efeito, após ter sido obrigado a renunciar ao trono imperial e durante a sua reclusão em Eckartsau, foi contactado várias vezes por pessoas e grupos sem escrúpulos que lhe sugeriam que voltasse a ocupar o trono perdido, havendo nas propostas desses grupos motivações e interesses em nada coincidentes com a forma de sentir e de agir de Carlos de Habsburgo. Perante o conteúdo de de tais propostas recusou-as afirmando: "Como monarca católico, nunca farei um acordo com o mal, mesmo para recuperar o meu trono."

Por ocasião da última tentativa de restauração do trono imperial, com o apoio do governo Francês e do Vaticano, o Imperador-Rei foi feito prisioneiro e enviado para o exílio na Ilha da Madeira, onde acabaria por morrer pouco tempo depois vítima de doença súbita. Ao aperceber-se que o seu estado de saúde se ia agravando e que já estava próximo o fim da sua existência terrena, e muito brevemente estaria na presença de Deus, Carlos de Habsburgo mandou chamar o seu filho mais velho, o Príncipe Otão, para que se aproximasse do seu leito de morte. Com essa atitude queria Carlos de Habsburgo que o seu filho testemunhasse a fé com que ele se aproximava da morte, tendo afirmado: "Quero que ele veja como morre um Católico e um Imperador."

Coerência e integridade, palavras que caracterizam de modo perfeito a maneira de pensar, de sentir e de agir do Imperador Carlos de Habsburgo, traços marcantes da sua personalidade como Monarca, como Chefe de Família e como católico. Coerência e integridade do Monarca Carlos de Habsburgo perante os ensinamentos da Igreja Católica, aspectos que estiveram sempre presentes nas suas decisões políticas e nas leis que promulgou e que reflectem realidades diametralmente opostas à atitude tão em voga nos nossos dias, em que muitos políticos e governantes para manterem o seu prestígio pessoal e os seus cargos votam, se necessário, contra os ensinamentos da Igreja e contra a sua própria consciência. 

Coerência e integridade, palavras que, infelizmente, vão fazendo cada vez menos sentido em largos sectores das sociedades ocidentais, onde os princípios morais e éticos são paulatina e quase que imperceptivelmente relegados para segundo plano e substituídos por um espírito de tolerância relativista, em larga medida sustentado pelos grandes média, frequentemente alinhados com sectores ideológicos que pretendem fomentar uma revolução nas mentalidades e nas formas de agir e de sentir dos povos da Europa Cristã, visando em última análise a transformação gradual e radical dos seus hábitos mentais, dos seus costumes e tradições e a cedência a novas formas de pensar, de sentir e de agir em tudo contrárias aos ensinamentos da Igreja e às de uma autêntica Civilização Cristã.

José Sepúlveda da Fonseca


blogger

3 comentários:

Maria José Martins disse...

Longe vão os tempos, em que os Governantes das Nações eram inspirados por Princípios Cristãos, Divinos, e tinham Temor a Deus!
Hoje, vendidos e rendidos ao Sistema Global, a toda a hora, traem o que de melhor herdámos dos nossos antepassados e, roubando-nos a Identidade Nacional, como se isso fosse um crime, OBRIGAM-NOS a aceitar, em "LIBERDADE", as suas leis contra natura e, por isso CONTRA DEUS!
É só ver o que se passa na UE, quando um País se quer impor, não admitindo ingerências externas, na sua Política Interna...É só observar o que estão a fazer, neste momento, à Polónia e à Hungria! E ninguém diz NADA!
Nem mesmo o Papa Francisco DENUNCIA OU APOIA estes Países, que só o fazem, porque SÃO CATÓLICOS e defendem a DOUTRINA DE JESUS CRISTO.
Assim, acredito que se vá cumprir o que Jesus proclama, quando nos avisa, de que não FAÇAMOS ALIANÇAS COM O INIMIGO, pondo em causa a LEI DE DEUS, seja lá por que motivo for: Deus afasta-Se e acabaremos VENCIDOS, para não dizer, até, CONDENADOS ETERNAMENTE!
Assim, jogando dubiamente, parecendo acreditar em que "Deus é bom, mas o diabo não é mau, ninguém espere bons presságios...
Que Deus dê a Sua Força e ajude esses dois Países, que, mesmo perdendo benesses, "NÃO ESTÃO DISPOSTOS A VENDER A ALMA AO DIABO", como ALGUNS dos nossos, que se dizem CRISTÃOS!

Anónimo disse...

Dom Miguel com letras gordas porquê?

Em todo o caso, por muito que o beatério goste da mulher, a verdade é que a popularidade não era grande coisa. Era vista como "a italiana" e estavam em guerra com a Itália. Não se livrou a vida inteira da fama de intriguista.

A mediação de Sixto Bourbon-Parma acabou mal, denunciada pelos franceses e a deixar os aliados alemães desconfiados. Nos sudetas não gostavam nada dela. Quanto ao Imperador parece que era de facto boa pessoa e bem intencionado. Diziam que tinha 30 anos, cara de 20 e cabeça de 10.

Já o milagre da cura de varizes dá vontade de rir. Assim ficámos com São Carlos do Funchal.

Anónimo disse...

E a que propósito vem esse comentário, relativamente à mulher, se o Artigo é sobre Carlos de Habsburgo?
E se ela não era realmente o que parecia, mais um motivo para o admirarmos, só pelo facto de a ter "aguentado", sem queixas ou represálias; a Santidade também passa por aí.
Santa Rita de Cássia, a Rainha Santa Isabel e, talvez outros, Santificaram-se em casamentos muito complicados; pelo menos, no que diz respeito à Fé.