Este país é muito perigoso, porque os seus habitantes, cheios de perfídia, misturam muitas vezes veneno na comida e na bebida. É por isso que não há ninguém disposto a ir para lá cuidar dos cristãos. Mas estes têm necessidade de ensinamentos espirituais e de alguém que os baptize para lhes salvar a alma; é por isso que eu sinto a obrigação de perder a minha vida corporal para ir socorrer a vida espiritual do próximo.
Coloco a minha esperança e a minha confiança em Deus Nosso Senhor, com o desejo de me conformar, segundo os meus pobres meios, à palavra de Cristo, nosso Redentor e Senhor: «Quem quiser salvar a sua vida há de perdê-la; quem a perder por minha causa há de salvá-la».
É fácil, evidentemente, compreender os termos e o sentido geral destas palavras do Senhor; mas, quando a pessoa quer levá-la à prática e dispor-se a perder a própria vida por Deus, a fim de a reencontrar nele, quando a pessoa se expõe aos perigos nos quais pressente a possibilidade de deixar a vida, tudo se torna tão obscuro, que as palavras, não deixando de ser perfeitamente claras, acabam também por se obscurecer.
Nesses casos, parece-me, só consegue compreendê-las aquele - por muito sábio que seja - a quem Deus Nosso Senhor, na sua infinita misericórdia, Se digna explicar-lhas nas suas circunstâncias específicas. É então que conhecemos a condição da nossa carne, isto é, que somos fracos e enfermos.
Nesses casos, parece-me, só consegue compreendê-las aquele - por muito sábio que seja - a quem Deus Nosso Senhor, na sua infinita misericórdia, Se digna explicar-lhas nas suas circunstâncias específicas. É então que conhecemos a condição da nossa carne, isto é, que somos fracos e enfermos.
São Francisco Xavier in 'Carta de 10 de Maio de 1546' (escrita aos seus companheiros europeus desde a ilha de Amboina, Arquipélago das Molucas)
1 comentário:
E como ss suas palavras cheias de Sabedoria divina são mais do que atuais, não fosse DEUS imutável e sempre presente, podendo aplicar-se hoje, ao medo que existe ainda e, sobretudo, existiu, durante os confinamentos, que tão facilmente provocaram o fechamento das igrejas e dos Sacramentos.
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