domingo, 5 de janeiro de 2020

Não havia comunhão na mão na Igreja dos primeiros séculos

D. Athanasius Schneider é bispo auxiliar da diocese de Karaganda (Casaquistão), uma ex-república soviética com 26% de cristãos, maioritariamente ortodoxa mas com uma pujante comunidade católica. 

Segundo D. Athanasius Schneider, o costume de comungar na mão é "completamente novo", posterior ao Concílio Vaticano II, e não tem raízes nos tempos dos primeiros cristãos, ao contrário do que se alega com frequência. 

Na Igreja primitiva era necessário purificar as mãos antes e depois do rito, e a mão estava coberta com um corporal, de onde se tomava a forma directamente com a língua: "Era mais uma comunhão na boca do que na mão", afirmou Schneider. De facto, depois de comungar a Sagrada Hóstia o fiel devia recolher da mão, com a língua, qualquer pequena partícula consagrada. Um diácono supervisionava esta operação. Nunca se tocava com os dedos: "O gesto da comunhão na mão tal como o conhecemos hoje era totalmente desconhecido" entre os primeiros cristãos. 

Aquele gesto foi substituído pela administração directa do sacerdote na boca, uma mudança que teve lugar "instintiva e pacificamente" em toda a Igreja. A partir do século V, no Oriente, e no Ocidente um pouco mais tarde. O Papa S. Gregório Magno no século VII já o fazia assim, e os sínodos franceses e espanhóis dos séculos VIII e IX sancionavam quem tocasse na Sagrada Forma. 

Afirma ainda D. Athanasius Schneider que a prática que hoje conhecemos da comunhão na mão nasceu no século XVII em meios calvinistas, onde não se acreditava na presença real de Jesus Cristo na eucaristia. "Nem Lutero", que acreditava nessa presença, embora não na transubstanciação, "o teria feito", disse o prelado. "De facto, até há relativamente pouco tempo os luteranos comungavam de joelhos e na boca, e ainda hoje alguns o fazem assim nos países escandinavos".  

in religionenliberdad.com


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6 comentários:

Eduardo Santos disse...

"Não havia comunhão na mão na Igreja dos primeiros séculos" ? Será que li bem? O que fez Jesus Cristo quando instituiu a comunhão e distribuiu pelos discípulos os pedaços de pão, estes não o tomaram (comeram)? Mais tarde, o que fizeram os seus discípulos? Onde está a certeza desta afirmação transcrita? Talvez que alguém me possa responder, o que agradeço.

João Silveira disse...

A resposta está no texto.

Marcelo Mito disse...

É preciso visitar as Catequeses Mistagógicas de São Cirilo de Jerusalém. O ato de comungar, na Igreja Primitiva, nasce do contato com as mãos, sim.

Lucia Maranhão disse...

Vamos lá pra um pouquinho de catequese! Quando Jesus reuniu os Apóstolos para última ceia, Ele partilhou O Pão com os Apóstolo dizendo:Este é Meu corpo que será entregue por vós. E partilhou o vinho dizendo: este é Meu sangue que será derramado por vós e por muitos. Fazei isso em minha memória. Então aqui os APÓSTOLOS RECEBERAM A MISSÃO de levar o corpo e sangue de Cristo para os discípulos seguidores de Cristo. Os APÓSTOLOS. Os Apóstolos receberam a missão de partilhar o pão. Não os discípulos. Porque se os discípulos tivessem recebido essa missão também, então teria que haver mais gente nesse banquete.

Eduardo Santos disse...

Caro João Silveira. Diz-me que a resposta está no texto (eu tinha lido), mas se assim for como lá se encontra, segundo o que diz D. Athanasius Schneider, e cito: "o costume de comungar na mão é "completamente novo", posterior ao Concílio Vaticano II, e não tem raízes nos tempos dos primeiros cristãos, ao contrário do que se alega com frequência". Basta a descrição da última Ceia de Jesus com os apóstolos para que essa conclusão seja incorrecta. Há que referir que houve continuidade dos apóstolos para os discípulos e demais cristãos. Era o pão quotidiano que era consagrado e os cristãos recebiam-No certamente em mão, não vejo, nem me consta de outra forma. Mas tudo isso são pormenores, dado que o importante foi a sua instituição e ter chegado até nós. A notícia que avança não é tão importante como parece ao destacar o título. Paz e bem amigo.

Eduardo Santos disse...

D. Lúcia Maranhão: Obrigado pela correcção, efectivamente eu pretendia escrever "apóstolos" e não "discípulos". Quanto à catequese será um pouco de presunção, mas se assim o entende, quem sou eu para discordar? Paz e Bem.