quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

4 métodos para memorizar coisas, segundo São Tomás


Há quatro rotinas com as quais o homem pode desenvolver a sua capacidade mnemónica:

Primeiro, revestindo as coisas que ele quer se lembrar com imagens adequadas, mas não muito comuns: porque as coisas extraordinárias despertam mais admiração em nós e, portanto, a alma se aplica com mais força; daí que nos lembremos melhor do que vimos na infância. Ora, essa busca por semelhanças ou imagens é necessária na medida em que ideias simples e espirituais desaparecem mais facilmente da alma se não estiverem relacionadas de alguma maneira às imagens corporais: uma vez que o conhecimento humano é mais forte no campo das realidades sensíveis. Assim também a memória é colocada na parte sensível. 

Segundo, é necessário que o que o homem queira memorizar o coloque de modo ordenado no seu pensamento, para mudar facilmente de uma memória para outra. Por isso, o filósofo [De mem. et rem. 2] escreve: "Às vezes as reminiscências tomam a sua sugestão do local; e isso porque se passa facilmente de um lugar para outro». 

Terceiro, é necessário que a pessoa se aplique com solicitude e carinho ao que se quer recordar quanto mais algo está profundamente impresso na alma, mais difícilmente é apagado. De facto, Cícero escreve [Ad Herenn. 3, 19] que "a solicitude mantém intactas as imagens das coisas representadas". 

Quarto, as coisas que queremos lembrar devem ser repensadas com frequência. Então o filósofo [De mem. et rem. 1] afirma que "pensamentos frequentes guardam a memória": pois, como ele ainda diz [ib., C. 2], "o costume é como uma segunda natureza"; e é por isso que lembramos imediatamente as coisas em que pensamos muitas vezes, passando de uma para a outra quase de acordo com uma ordem natural.

in Summa Theologica II-II, q. 49, 1 art.


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