Pelo ano de 1222, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra alguns Carmelitas que habitavam o Monte Carmelo. Um homem penitente, austero, logo se uniu a eles. Era Simão Stock. Consta que tivesse ele recebido um aviso de Nossa Senhora que viriam da Palestina Monges devotos de Maria e que deveria unir-se a eles. Vieram depois tantos Carmelitas para a Europa que foi preciso nomear um Superior-Geral.
Em 1245, foi ele [Stock] eleito para desempenhar este cargo. Encontrou dificuldades quase insuperáveis. Mandou que os Carmelitas estudassem: isto gerou uma discórdia interna, pois não queriam os mais velhos que os contemplativos estudassem. O clero secular revoltou-se contra eles e pediu a Roma a sua supressão. Diante de tanta oposição, Simão Stock, aos 90 anos, retirou-se para o mosteiro de Cambridge, no Ducado de Kent, e pediu a protecção de Maria. Rezava na sua cela quando viu um clarão, na noite de 16 de Julho de 1251. Rodeada de anjos, Maria Santíssima entregou-lhe o Escapulário, dizendo-lhe: “Recebe, filho queridíssimo, este Escapulário da tua Ordem: isto será para ti e todos os Carmelitas um privilégio. Quem morrer revestido dele não sofrerá o fogo eterno”.
John Haffert, no seu livro, fez questão de documentar a historicidade do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo. E o maior inimigo do Escapulário do Carmo foi o anglicano Launoy, dizendo ser uma lenda. O livro de Launoy foi colocado no Índice dos Livros Proibidos. O Papa Bento XIV, um dos mais sábios teólogos de todos os tempos, não se limitou apenas a condenar Launoy, mas disse claramente que só alguém que despreza a Religião poderia negar a autenticidade da Visão do Escapulário. Apesar disto, o livro de Launoy continuou a ser citado, e as dúvidas persistiram.
Foi devido a tais ataques que se fez um estudo mais apurado e se descobriu o livro denominado “Viridarium”, escrito em 1398 pelo Frei João Grossi, Superior Geral dos Carmelitas. Era um homem santo e letrado, célebre na Igreja pela actividade exercida para terminar com o Grande Cisma do Ocidente. Consultou os companheiros que conviveram com São Simão Stock. Apresenta ele um Catálogo dos santos Carmelitas, dizendo que o nono é Simão Stock, o sexto Superior Geral da Ordem. Descreveu como aconteceu a Aparição, a 16 de Julho de 1251. Contou que São Simão Stock morreu em Bordéus, na França, quando visitava a Província de Vascónia em 1261. Assim registra sobre a Aparição:
“Simão Stock suplicava a Virgem gloriosa, Mãe de Deus, patrona da Ordem, de dotar de algum privilégio os Frades que levavam o Seu nome. E um dia, enquanto recitava devotamente uma oração, a gloriosa Virgem Maria Mãe de Deus apareceu, acompanhada por uma multidão de anjos, e, trazendo na mão o escapulário da Ordem, disse: 'Eis o privilégio que concedo a ti e a todos os filhos do Carmelo. Quem morrer revestido deste hábito será salvo'.”
Infelizmente, a biblioteca de Bordeaux foi queimada um século depois da Aparição de Nossa Senhora do Carmo, por funcionários municipais, por causa de uma peste, com medo da propagação do contágio. Para completar, Henrique VIII, rei da Inglaterra, ao se separar de Roma e fundar a seita anglicana, mandou arrasar as bibliotecas católicas.
Um carmelita contemporâneo de São Simão Stock, que vivia na Palestina, escreveu um livro intitulado: “Chronica de multiplicatione Religionis Carmelitarum per Provinciais Syriae et Europae; et de perditione Monasteriorum Terrae Sanctae”. Nesta obra, contava as terríveis perseguições e dissenções que arruinavam a Ordem do Carmo, antes da Aparição de Nossa Senhora. Opinava ele que eram fomentadas por Satanás. Declarava ele que a Santíssima Virgem apareceu ao Prior Geral, São Simão Stock e que, após a Visão de Nossa Senhora do Carmo, o Papa não só aprovara a Ordem, mas ordenara que se empregassem censuras eclesiásticas contra todo aquele que, daí em diante, fosse contra os Carmelitas. O Papa mandou cartas a todos os Arcebispos e Bispos, exortando-os a tratar com mais caridade e consideração os seus amados irmãos Carmelitas e permitissem a construção de mosteiros adequados.
Um ano depois da aparição de Nossa Senhora do Carmo, o Rei da França, Henrique III, em 1252, publicou diplomas de proteção real à Ordem recentemente transplantada para o seu reino.
Enfim, já centenário, chegando a Bordéus (França), quando se dirigia a Tolouse para o Capítulo Geral da Ordem, entregou a sua alma a Deus, a 16 de Maio de 1265. Do seu túmulo saíram raios de luz durante 15 dias depois de sepultado, o que levou os religiosos a comunicarem o portento ao Bispo. Este chegou ao túmulo, acompanhado do clero e de muito povo. Tendo constatado o fenómeno, mandou que se abrisse o sepulcro, aparecendo o corpo do santo emitindo raios de luz e exalando delicada fragrância. Por volta do ano 1276, o culto a Simão Stock foi confirmado para o convento de Bordeaux, pela autoridade da Santa Sé, e mais tarde para os de toda a Ordem carmelitana.
Um ano após a morte de São Simão Stock, o Papa Urbano IV concedeu privilégios aos membros que compunham a Confraria do Carmo. Ora, o Papa só dá privilégios a associações bem constituídas.
Quinze anos depois da morte de S. Simão Stock, foi sepultado em Arezzo, a 10 de Janeiro de 1276, o Papa Gregório X, que governou a Igreja, desde 1271. Consta que antes de ser Papa usava o Escapulário. Em 1830, quando foi exumado o seu corpo para ser colocado num relicário de prata, foi encontrado intacto o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, de seda de carmezim, com precioso bordado a ouro, como convinha por Papa. Encontra-se, hoje, no museu de Arezzo, como um dos tesouros. Este é o primeiro Escapulário pequeno conhecido na História.
Em 1820, numa Assembleia, em Florença, Itália, os 40 Carmelitas reunidos falam do Escapulário, ocorrendo o mesmo, em Julho de 1287, em Montpelier, França. As constituições de 1324, 1357 e 1369 dizem que o Escapulário é o hábito especial da Ordem e que os Carmelitas devem usá-lo.
Diante disto, John Haffert diz: “Conclui-se, portanto, que a Aparição da Santíssima Virgem a Simão Stock é, historicamente, certíssima”. Uma vez demonstrada a historicidade da Aparição de Nossa Senhora do Carmo, John Haffert analisa o cumprimento da Promessa de Maria, através dos sete séculos. Conta ele fatos e mais fatos ocorridos com o que, na vida, trouxeram o Escapulário de Nossa Senhora.
Houve vários Papas que eram devotos do Escapulário, tais como Inocêncio IV, João XXII, Alexandre V, Bento XIV, Pio VI, Clemente VII, Urbano VII, Nicolau V, Xisto IV, Clemente VII, Paulo III, São Pio V, Leão XI, Alexandre VII, Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Bento XV, o Pio XI e Pio XII. Além de usarem o Escapulário, estes Papas estimularam e aconselharam os católicos a usá-lo e premiaram esta devoção, aprovando os seus privilégios e cumulando de favores as Confrarias do Carmo.
A devoção dos Papas: Bento XV o pontífice da paz, chamou o Escapulário de a “arma dos cristãos” e aconselhava aos seminaristas que o usassem. Pio IX gravou no seu cálice a seguinte inscrição: “Pio IX, confrade Carmelita”. Leão XIII, pouco antes de morrer, disse aos que o cercavam: “Façamos agora a Novena da Virgem do Carmo e depois morreremos”. Pio XI escrevia, em 1262, ao Geral dos Carmelitas: “Aprendi a conhecer e a amar a Virgem do Carmo nos braços de minha mãe, nos primeiros dias de minha infância”. Pio XII afirmava: “É certamente o Sagrado Escapulário do Carmo, como veste Mariana, sinal e garantia da proteção e salvação ao Escapulário com que estavam revestidos. Quantos, nos perigos do corpo e da alma, sentiram a proteção Materna de Maria”.
Houve também inúmeros santos que usaram o Escapulário, como, por exemplo, Santo Afonso de Ligório, São Pedro Claver, São Carlos Borromeu, São Francisco de Sales, São João Maria Baptista Vianney, Beato Baptista Mantovano, São Pompílio Pirrotti, São João Bosco, Santa Teresa de Ávila, Santa Terezinha do Menino Jesus, São João da Cruz, Santa Maria de Jesus e Santa Teresa Benedita da Cruz, entre muitos.
Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!
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