O papado é uma instituição de direito divino (Mt 16, 18). Quando Nosso Senhor Jesus Cristo fundou a Igreja católica, atribuiu a Pedro
o encargo de apascentar o rebanho universal (os fiéis do mundo
inteiro). Para isso, Cristo outorgou ao primeiro Papa o chamado “poder
das chaves”: “Tudo que ligares na terra será ligado no céu e tudo que
desligares na terra será desligado no céu” (Mt 18, 18). Na concepção
hebraica, os verbos “ligar” e “desligar” possuem valor jurídico,
significando o poder de governo. Assim, observamos que na mente de Jesus
encontravam-se presentes as estruturas jurídicas fundamentais da Igreja Católica.
A evolução do papado ao largo dos séculos manteve intacta
essa estruturação. Se quisermos compreender bem o
relacionamento do Papa, bispo de Roma, com os seus colegas, bispos das
outras dioceses, precisamos estar atentos à relação que havia entre Pedro e os demais apóstolos. Nada mudou
substancialmente! Vejamos cân. 330. Eis a tradução (o
código de direito canónico está escrito em latim): “Assim como, por disposição do
Senhor, S. Pedro e os outros apóstolos constituem um único colégio, de
modo semelhante, o romano pontífice, sucessor de Pedro e os bispos,
sucessores dos apóstolos, estão unidos entre si.”
De facto, Pedro e
os outros onze apóstolos perfaziam um “colégio”, quer dizer, um “corpo
coletivo”, chefiado pelo primeiro. O cânon 331 esclarece este ponto: “O bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o
múnus concedido pelo Senhor singularmente a Pedro, o primeiro dos
apóstolos, para ser transmitido aos seus sucessores, é a cabeça dos
colégio dos bispos, vigário de Cristo e pastor da Igreja Universal; ele, pois, em virtude de seu múnus, tem na Igreja o poder
ordinário, supremo, pleno, imediato e universal, que pode exercer
livremente.”
Estudando atentamente o papado, principalmente as suas
nuances jurídico-canónicas, reparamos quão bíblica é a conformação
hierárquica da Igreja. As instituições legais que se nos deparam hoje em
dia arrimam-se na tradição sagrada, mas ainda mais nas escrituras
sagradas. Se não, vejamos: o cân. 336 traça o perfil do colégio dos
bispos exatamente nos moldes como a bíblia apresenta o colégio ou grupo
dos apóstolos: “O colégio dos bispos, cuja cabeça é o sumo pontífice e
cujos membros são os bispos, em virtude da consagração sacramental e da
comunhão hierárquica com a cabeça e com os membros do colégio, no qual o
corpo apostólico persevera continuamente, junto com sua cabeça, e nunca
sem essa cabeça, é também sujeito de poder supremo e pleno sobre a
Igreja toda.”
Enquanto Jesus vivia entre os apóstolos era, claramente, o
líder do grupo. Sem embargo, no momento em que Jesus ressuscitou e
ascendeu ao Céu, S. Pedro assumiu a função de vigário de Cristo na Terra. Desde os primórdios da Igreja, os sucessores dos apóstolos, que
se espalharam por todo o mundo, jamais cessaram de agir em sintonia com
os sucessores de Pedro. Constatamos esse facto teológico ao
consultarmos os documentos mais antigos da história do cristianismo. É
óbvio que o Espírito Santo assiste a Igreja diuturnamente,
fornecendo-lhe uma seiva vital, máxime por intermédio da Eucaristia e
dos outros sacramentos.
Edson Sampel in Zenit
1 comentário:
A Paz de Cristo!
E quando temos um Papa que se afasta claramente da doutrina do Evangelho.
Continuamos em comunhão com ele?
Que o Espírito Santo nos ilumine.
Arnaldo Paixão
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