domingo, 29 de outubro de 2017

3 estátuas de Cristo Rei

Cristo Redentor, no morro do Corcovado (Brasil) 
Existem dezenas de imagens de Cristo Rei no mundo, a pedir o dom da paz, mas há três especiais: O Cristo Redentor do Corcovado, no Brasil, o Cristo Rei em Lisboa e o Cristo Rei da cidade de Díli, em Timor Lorosae. Há outros monumentos dedicados a Cristo Rei, alguns tão grandes ou maiores, mas estes são os meus preferidos.

O primeiro, inaugurado em 1931, já foi classificado pela Unesco como uma das sete novas maravilhas do mundo. Ergue-se a 800 metros acima do mar, sobre um penhasco magmático quase vertical, chamado morro do Corcovado. A escultura, de betão revestido com pedra, tem 38 metros de altura. O desenho, da autoria de Carlos Oswald, representa Jesus de braços abertos ao mundo inteiro, dando a impressão de ser, de longe, uma cruz plantada no maciço rochoso. O molde da estátua veio do «atelier» do escultor franco-polaco Paul Landowski.

Cristo Rei, em Almada, na margem Sul do Tejo
O segundo Cristo Rei da minha devoção é o de Almada, uns 215 metros acima do estuário do Tejo. Inspirou-se directamente no modelo brasileiro e no mesmo desejo de paz. Naqueles anos, Portugal ansiava pela paz, de todo o coração. A Igreja portuguesa aguentara a perseguição do último século de monarquia e o anti-clericalismo da Primeira República. Sucediam-se os atentados, os golpes, as revoluções. Lá fora, o comunismo fazia multidões de vítimas na Rússia e nas regiões por ela ocupadas, a perseguição no México produzia milhares de mártires, a Alemanha estava dominada por um regime pagão que preparava a guerra, o marxismo mergulhava a Espanha em guerra civil. 

A Segunda Guerra Mundial atrasou a construção do Cristo Rei, mas a decisão estava tomada. Os bispos portugueses fizeram a promessa pública, em nome de todo o país, de erguer aquela imagem, para (1) pedir perdão a Deus por tantos pecados contra a dignidade humana; (2) agradecer a Deus se Portugal não viesse a sofrer directamente os horrores da Segunda Guerra Mundial; (3) expressar o propósito colectivo de nos portarmos doravante de forma honesta e santa.

O Cristo Rei de Lisboa representa Jesus de braços abertos, como o do Corcovado, mas a escultura é diferente. A imagem brasileira segue o cânone «art déco» da época, de linhas mais geométricas, enquanto a de Lisboa, da autoria do escultor Francisco Franco, é uma obra clássica, temperada de vanguardismo modernista. Francisco Franco só teve tempo de realizar o boceto da escultura, em ponto pequeno; a peça final foi vazada em betão no próprio local, em moldes de gesso ampliados do boceto, e acabada a escopro.

Cristo Rei em Díli, Timor Lorosae
O Cristo Rei de Díli também é enorme – mede 27 metros de altura – e também está situado sobre um grande monte junto ao mar, sobre um pedestal que neste caso é um globo terrestre. A atitude é semelhante à dos monumentos anteriores, mas o artista muçulmano Mochamad Syailillah fez a escultura em cobre. A estátua foi inaugurada pelo então Bispo de Díli D. Ximenes Belo no ano de 1996, ainda durante a ocupação Indonésia, ainda durante o governo de Suharto. Mais uma vez, o Cristo Rei falava de paz. O monumento, oferecido pela Indonésia ao povo de Timor, era um pedido de desculpa implícito pelos cerca de 100.000 timorenses massacrados pouco tempo antes; o gesto do povo de Timor de aceitar das mãos dos ocupantes muçulmanos o seu Cristo Rei monumental significava: já perdoámos.

José Maria André in Correio dos Açores


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1 comentário:

Webcitizen disse...

Existe uma Estátua de Cristo em Valinhos SP, fica próximo a Fonte Sônia. Por enquanto existe a Estátua de Cristo em Valinhos SP, talvez deixe de existir nos próximos anos.

Existe um projeto que prevê a abertura de um parque público e construção de um residencial na Fonte Sônia, em Valinhos (SP), mas há notícias de que a maioria dos protetores do meio ambiente são contra.
A área com 2,5 milhões de metros quadrados, o equivalente a 350 campos de futebol, está fechada para visitações há três anos, desde a compra pela empresa FS Empreendimentos Imobiliários.

No local há casarões e capelas com estruturas danificadas, pedalinhos expostos às condições climáticas e uma estátua do Cristo pichada e rodeada por garrafas descartadas. Quem percorre a entrada principal se depara com lagos, antigos quiosques, um bar desativado e, atrás da estrutura antes usada por um hotel, há espaço que lembra uma queda d'água.

Além disso, gados e cavalos são mantidos pela companhia em trecho mais distante da principal portaria de acesso, onde estão previstos parte dos 1,2 mil lotes que devem formar o condomínio.