domingo, 29 de outubro de 2017

Seria Lutero um reformador humanista?

O ano de 1517 marcou o início de uma ruptura contínua e profunda, muitas vezes violenta, no Cristianismo. Nesse ano, o sacerdote Agostiniano, e professor de teologia, Martinho Lutero (1483-1546) propôs as suas famosas "Noventa e Cinco Teses" na cidade universitária de Wittenberg. (...)

Apesar de no início ter sido bastante suave, as reivindicações de Lutero tornaram-se cada vez mais ousadas e conflituosas, mudando de problemas relativamente menores sobre práticas locais [a venda de indulgências na Alemanha] para matérias doutrinais sérias. (...) Um protesto local tornou-se inesperadamente o Protestantismo. O Protestantismo quase imediatamente dividiu-se em grupos opostos. As controvérsias Católico-Luteranas rapidamente se somaram às Calvino-Luteranas, e depois a controvérsias dentro do próprio Calvinismo, e assim sucessivamente. As supostas "Guerras de Religião" - muitas vezes motivadas mais por manobras políticas e dinásticas do que por problemas doutrinais - assaltaram a Europa no século e meio seguinte, particularmente a Alemanha, França e Inglaterra. 

O próprio Lutero não era nenhum humanista, apesar de algumas das suas ideias, tais como o ênfase na leitura literal da Bíblia, em oposição às leituras alegóricas favorecidas pelos Católicos, terem algumas semelhanças ao ênfase humanista pelos textos. Mas estas semelhanças são superadas pela sua suspeita pelas ideias e literatura Clássica ('pagã') e o seu desejo de expurgar livros da Bíblia (tal como a Epístola de Tiago) que não batiam certo com as suas ideias pessoais.

Lawrence M. Principe in 'The Scientific Revolution: A Very Short Introduction'. Oxford University Press, 2011


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